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Opinião: No Limiar da Eternidade, de Ken Follett



 No Limiar da Eternidade
de Ken Follett 

Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 1024
Editora: Editorial Presença 





Resumo: 
Enquanto as decisões tomadas nos corredores do poder ameaçam extremar os antagonismos e originar uma guerra nuclear, as cinco famílias de diferentes nacionalidades que têm estado no centro desta trilogia O Século voltam a entrecruzar-se numa inesquecível narrativa de paixões e conflitos durante a Guerra Fria.

Quando Rebecca Hoffmann, uma professora que vive na Alemanha de Leste, descobre que anda a ser seguida pela polícia secreta, conclui que toda a sua vida é uma mentira. O seu irmão mais novo, Walli, entretanto, anseia por conseguir transpor o Muro de Berlim e ir para Londres, uma cidade onde uma nova vaga de bandas musicais está a contagiar as novas gerações. Nos Estados Unidos, Georges Jakes, um jovem advogado da administração Kennedy, é um ativo defensor do movimento dos Direitos Civis, tal como a jovem por quem está apaixonado, Verena, que colabora com Martin Luther King. Juntos partem de Washington num autocarro em direção ao Sul, numa arriscada viagem de protesto contra a discriminação racial. Na Rússia, a ativista Tania Dvornik escapa milagrosamente à prisão por distribuir um jornal ilegal. Enquanto estas arriscadas ações decorrem, o irmão, Dimka Dvornik, torna-se uma figura em ascensão no seio do Partido Comunista, no Kremlin.

Nesta saga empolgante que agora se conclui, Ken Follett conduz-nos, em No Limiar da Eternidade, através de um mundo que pensávamos conhecer, mas que agora nunca mais nos parecerá o mesmo.


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Rating: 4/5 

Opinião: Finalizando este (grande) volume da trilogia "O Século" reasseguro o que já sabia: Ken Follett é um contador de estórias nato que merece (mesmo!) que lhe reconheçam o espectacular trabalho de investigação, de criação e de cruzamento de enredos, contextos, cenários históricos e muitas tramas que nos acompanharam ao longo de 100 anos de Histórica do mundo contemporâneo, ao abrigo de 5 famílias espalhadas pelo mundo ocidental.
Acompanhando todo o percurso de três gerações ao longo de tantos anos e tantas páginas, não poderia deixar de ficar um sentimento agridoce de sensação de "dever cumprido" por finalmente terminar esta história, mas simultaneamente fica a sensação de querer ver mais, de me ter apegado a personagens que agora continuam o seu percurso sem o olho do leitor.
À semelhança do "Inverno do Mundo", é a geração seguinte que ocupa o foco principal e continuo a sentir falta da voz mais presente dos pais e avós destas novas caras, e que por vezes até passaram bastante despercebidos neste livro. E embora compreendendo que é a ordem natural das coisas, e que o processo promove mesmo essa passagem de uns para outros, é como ir vendo os nossos personagens preferidos desaparecer, sem de facto o fazerem. Por outro lado, neste volume senti que o equilíbrio entre momentos históricos e ficcionais não foi tão bem conseguido, pelo que senti falta desse cuidado reflectido nos primeiros dois livros. O fim foi o esperado: imprevisível mas de certa maneira compreensível e fácil de aceitar. Não é o perfeito, senti ter algumas questões a responder sobre algumas personagens, mas ainda assim foi o único possível e não consigo sequer imaginar outra forma de o terminar.
De todas as novas personagens, gostei mais de Jake (embora tenha as minhas reticências com o destaque por vezes algo forçado que o autor lhe deu só para demonstrar a perspectiva inclusiva e o impacto da histórica dos EUA, que neste último volume é inegável) e dos gémeos Dimka e Tânia. Tão diferentes mas tão iguais, cada um afecto às suas convições e completamente perdidos no que respeitava à sua vida amorosa (ele talvez mais do que ela). Duas personagens do mesmo país, da mesma família e com vivências tão semelhantes conseguiram retirar uma visão com ópticas diferenciadas, o que foi interessante.
De uma forma diferente, diria que foi o mesmo que se passou com Lily, Alice e Wally, Rebeca e Carla e Werner: com um muro a dividi-los, a realidade de uma Alemanha de Leste e Ocidental é tão vincada que as duas versões da mesma história, da mesma moeda, não puderam ser ignoradas. Este é para mim um dos pontos fortes do livro: a oportunidade de explorar as versões esquecidas na histórica de quem as viveu por prismas diferentes e de quem não teve como evitar, retidos por imposições de potências externas à sua vida mas que dividiram famílias, destroçaram até à miséria outras e causaram inflexões nas memórias e estórias de milhares de pessoas ao longo de décadas. Gostava que este lado tivesse sido ainda mais explorado, em detrimento de uma visão mais "pop" e ficcional atribuída a algumas partes do livro, especialmente por causa do desequilíbrio já referido.
Ainda assim, esses pequenos momentos não estragaram a experiência desta leitura, e só a tornaram diferente do esperado. De qualquer forma, este era um desafio de gigantes (não fosse a alusão ao nome do primeiro volume) e como tal não posso deixar de levar esta trilogia comigo e com este desfecho, posso confirmar que Ken Follett me trouxe três dos meus livros preferidos até à atualidade. E tão cedo ninguém o destrona!
 
Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas, a Cláudia lê nos transportes públicos enquanto observa o Mundo pelo canto do olho. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado, é tão fácil encontrá-la envolvida num novo projeto como a tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.

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